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quarta-feira, fevereiro 4

FERNANDO PESSOA


Lembro-me de quando era criança e via,

Como hoje não posso ver,

A manhã raiar sobre a cidade.

Ela não raiava para mim

Mas para a vida.

Porque então eu, ( não sendo consciente )

Eu era a vida.

E via a manhã e tinha alegria.

Hoje vejo a manhã e tenho alegria.

E fico triste.

Eu vejo como via, mas por trás dos olhos, vejo-me vendo.

E só com isso, se obscurece o sol,

O verde das árvores é velho,

E as flores murcham antes de aparecidas.

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