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segunda-feira, outubro 26





Que o outro saiba quando estou com medo, e me
tome nos braços sem fazer perguntas demais.
Que o outro note quando preciso de silencio e não
va embora batendo a porta, mas entenda que não o
amarei menos porque estou quieta.
Que o outro aceite que me preocupo com ele e não se
irrite com minha solicitude, e se ela for excessiva saiba me
dizer isso com delicadeza ou bom humor.
Que o outro perceba minha fragilidade e não ria de mim,
nem se aproveite disso.
Que se eu faço uma bobagem o outro goste um pouco
mais de mim, porque também preciso poder fazer tolices
tantas vezes.
Que se estou apenas cansada o outro não pense logo que
estou nervosa, ou doente, ou agressiva, nem diga que reclamo
demais.
Que o outro sinta quanto me dói a idéia da perda, e ouse
ficar comigo um pouco mais - em lugar de voltar logo à sua vida,
rIdo porque lá está a sua verdade mas talvez seu medo ou sua
culpa.

19

Que se começo a chorar sem motivo depois de um dia
daqueles, o outro não desconfie logo que é culpa dele, ou que
não o amo mais.
Que se estou numa fase ruim o outro seja meu cúmplice,
mas sem fazer alarde nem dizendo "Olha que estou tendo
muita paciência com você!"
Que se me entusiasmo por alguma coisa o outro não a
diminua, nem me chame de ingênua, nem queira fechar essa
porta necessária que se abre para mim, por mais tola que lhe
pareça.
Que quando sem querer eu digo uma coisa bem
inadequada diante de mais pessoas, o outro não me exponha nem
me ridicularize.
Que quando levanto de madrugada e ando pela casa, o
outro não venha logo atrás de mim reclamando: "Mas que
chateação essa sua mania, volta pra cama!"
Que se eu peço um segundo drinque no restaurante o
outro não comente logo: "Pôxa, mais um?"
Que se eu eventualmente perco a paciência, perco a
graça e perco a compostura, o outro ainda assim me ache
linda e me admire.
Que o outro - filho, amigo, amante, marido - não me
considere sempre disponível, sempre necessariamente
compreensiva, mas me aceite quando não estou podendo ser nada
disso.
Que, finalmente, o outro entenda que mesmo se às vezes
me esforço, não sou, nem devo ser, a mulher-maravilha, mas
apenas uma pessoa: vulnerável e forte, incapaz e gloriosa,
assustada e audaciosa - uma mulher.