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sábado, agosto 30

RECADO

Gostaria de saber onde você se esconde por este tempo em que não se soma aos meus dias.
Sei-te aqui dentro, onde apenas você existe [falta de espaço que me dizem ser um problema temporário], mas de uma forma tão serena que me esqueço do caminho que tenuamente se me desenha no olhar. Em que lugar de mim adormece quando me entrega ao sossego de não contar os dias e as horas e os quilómetros que nos separam?
Gosto de respirar fundo nestes dias oferecidos por uma qualquer conjugação cósmica que te apaga dos meus sonhos, do meu pensar. Tudo tão repentinamente como o momento em que voltarás a arranhar-me o peito, a arrepiar-me a pele e a fazeres-te em palavras urgentes de nascer. Não que queira perceber o silêncio que se instala no meu corpo nos dias em que hiberna no meu peito. Com você os silêncios não doem e é doce prolongá-los nas horas quentes das tardes que lentamente se arrastam pela minha vida.
Pergunto-me se haverá mais alguém neste mundo com quem os silêncios digam tanto...

AGOSTO INDO EMBORA...


Despede-se Agosto ...Na voz de Chico Buarque
Hoje a ausência soa assim...
Que roupa você veste, que anéis?
Por quem você se troca?
Que bicho feroz são seus cabelos
Que à noite você solta?
De que é que você brinca?
Que horas você volta?
Seu beijo nos meus olhos, seus pés
Que o chão sequer não tocam
A seda a roçar no quarto escuro
E a réstia sob a porta
Onde é que você some?
Que horas você volta?
Quem é essa voz?
Que assombração
Seu corpo carrega?T
erá um capuz?
Será o ladrão?
Que horas você chega?
Me sopre novamente as canções
Com que você me engana
Que blusa você, com o seu cheiro
Deixou na minha cama?
Você, quando não dorme
Quem é que você chama?
Pra quem você tem olhos azuis
E com as manhãs remoça
E à noite, pra quem
Você é uma luz
Debaixo da porta?
No sonho de quem
Você vai e vem
Com os cabelos
Que você solta?
Que horas, me diga que horas, me diga
Que horas você volta?

DIZEM


Diz-se por aí que ninguém vive sem palavras...

MARIONETE


Sou marioneta presa aos fios de nylon dos teus dedos. Comandas-me a


uma distância que os números não conhecem.È meu dono e dos meus


dias. De todos os dias em que me faz falta, de todos os segundos em que penso em você.


Pesa-me a ausência do que quase fomos, de todas as vezes em que


acabamos descaradamente os desencontros. Olho para trás e vejo um


ano sofrido de almas feridas por verdades choradas entre quatro paredes


de um qualquer quarto de hotel. Olho para trás e vejo um ano luminoso


porque, apesar de todas as incontáveis vezes que nos declinámos,


percebemo-nos e soubemos ler no imenso silêncio de uma noite quente


de verão.


Queria saber eliminar todas as contradições que fragilmente nos


unem...queria saber tornar-te possível na minha vida e traçar um


caminho de sonhos a que pudéssemos chamar nosso...queria, afinal e tão


só, poder contar com você e saber onde te procurar quando o vazio da


tua ausência me enche o peito e a alma como em dias como o de hoje


(todos?...).

DOCE ESPERA

Ainda que, por vezes, a luz me falte
há certezas que adoçam a espera.
Não eram palavras
o que deixámos nas ruas,
meu Amor

sexta-feira, agosto 29

NÃO ME ARREPENDO

eu não me arrependo de você
cê não me devia maldizer assim
vi você crescer
fiz você crescer

vi cê me fazer crescer também
pra além de mim
não, nada irá nesse mundo
apagar o desenho que temos aqui
nem o maior dos seus erros,
meus erros, remorsos, o farão sumir
vejo essas novas pessoas
que nós engendramos em nós
e de nós

nada, nem que a gente morra,
desmente o que agora
chega à minha voz.
(Caetano Veloso)