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sexta-feira, fevereiro 8

CONVENÇÃO DOS FERIDOS POR AMOR

Disposições gerais:
A - Em se considerando que está absolutamente correto o ditado “tudo vale no amor e na guerra”;
B – Em se considerando que na guerra temos a Convenção de Genebra, adotada em 22 de agosto de 1864, determinando como os feridos em campo de batalha devem ser tratados, ao passo que nenhuma convenção foi promulgada até hoje com relação aos feridos de amor, que são em muito maior número;
Fica decretado que:
Art. 1 – todos os amantes, de qualquer sexo, ficam alertados que o amor, além de ser uma benção, é algo também extremamente perigoso, imprevisível, capaz de acarretar danos sérios. Conseqüentemente, quem se propõe a amar, deve saber que está expondo seu corpo e sua alma a vários tipos de ferimentos, e não poderá culpar seu parceiro em nenhum momento, já que o risco é o mesmo para ambos.

Art. 2 – Uma vez sendo atingido por uma flecha perdida do arco de Cupido, deve em seguida solicitar ao arqueiro que atire a mesma flecha na direção contrária, de modo a não se submeter ao ferimento conhecido como “amor não correspondido”. Caso Cupido recuse tal gesto, a Convenção ora sendo promulgada exige do ferido que imediatamente retire a flecha do seu coração e a jogue no lixo. Para conseguir tal feito, deve evitar telefonemas, mensagens por internet, remessa de flores que terminam sendo devolvidas, ou todo ou qualquer meio de sedução, já que os mesmos podem dar resultados a curto prazo, mas sempre terminam dando errado com o passar do tempo. A Convenção decreta que o ferido deve imediatamente procurar a companhia de outras pessoas, tentando controlar o pensamento obsessivo “vale a pena lutar por esta pessoa”.

Art. 3 – Caso o ferimento venha de terceiros, ou seja, o ser amado interessou-se por alguém que não estava no roteiro previamente estabelecido, fica expressamente proibida a vingança. Neste caso, é permitido o uso de lágrimas até que os olhos sequem, alguns socos na parede ou no travesseiro, conversas com amigos onde pode-se insultar o antigo(a) companheiro(a), alegar sua completa falta de gosto, mas sem difamar sua honra. A Convenção determina que seja também aplicada a regra do Art. 2: procurar a companhia de outras pessoas, preferivelmente em lugares diferentes dos freqüentados pela outra parte.

Art. 4 – Em ferimentos leves, aqui classificados como pequenas traições, paixões fulminantes que não duram muito, desinteresse sexual passageiro, deve-se aplicar com generosidade e rapidez o medicamento chamado Perdão. Uma vez este medicamento aplicado, não se deve voltar atrás uma só vez, e o tema precisa estar completamente esquecido, jamais sendo utilizado como argumento em uma briga ou em um momento de ódio.

Art. 5 – Em todos os ferimentos definitivos, também chamados “rupturas”, o único medicamento capaz de fazer efeito chama-se Tempo. Não adianta procurar consolo em cartomantes (que sempre dizem que o amor perdido irá voltar), livros românticos (cujo final é sempre feliz), novelas de TV ou coisas do gênero. Deve-se sofrer com intensidade, evitando-se por completo drogas, calmantes, orações para santos. Álcool só é tolerado em um máximo de dois copos de vinho por dia.

Determinação final: os feridos por amor, ao contrário dos feridos em conflitos armados, não são vítimas nem algozes. Escolheram algo que faz parte da vida, e assim devem encarar a agonia e o êxtase de sua escolha.
E os que jamais foram feridos por amor, não poderão nunca dizer: “vivi”.Porque não viveram
.
(GUERREIRO DA LUZ ON LINE - PAULO COELHO)

quinta-feira, fevereiro 7

PARA VOCÊ...

Não te amo como se fosses rosa de sal,topázio ou flecha de cravos que propagam o fogo; te amo como se amam certas coisas obscuras, secretamente, entre a sombra e a alma. Te amo como a planta que não floresce e leva dentro de si, oculta, a luz daquelas flores, e graças a teu amor vive escuro em meu corpo o apertado aroma que ascendeu da terra. Te amo sem saber como,nem quando,nem onde, te amo simplesmente como o mar ama a areia, assim te amo porque não sei amar de outra maneira, senão assim deste modo em que só sou um com voce, tão perto que tua mão sobre meu peito é minha, tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho...

(PABLO NERUDA)

UMA CRIANÇA

quero minha crianca sempre acesa dentro de mim! Sem medos e com muitos sonhos que ainda estão para serem realizados

FERNANDO PESSOA - POEMA DO MENINO JESUS

Poema Do Menino Jesus ( Fernando Pessoa )

Num meio-dia de fim de primavera eu tive um sonho como
uma fotografia: eu vi Jesus Cristo descer à Terra.
Ele veio pela encosta de um monte, mas era outra vez
menino, a correr e a rolar-se pela erva
A arrancar flores para deitar fora, e a rir de modo a
ouvir-se de longe.
Ele tinha fugido do céu. Era nosso demais pra
fingir-se de Segunda pessoa da Trindade.
Um dia que DEUS estava dormindo e o Espírito Santo
andava a voar, Ele foi até a caixa dos milagres e
roubou três.
Com o primeiro Ele fez com que ninguém soubesse que
Ele tinha fugido; com o segundo Ele se criou
eternamente humano e menino; e com o terceiro Ele
criou um Cristo eternamente na cruz e deixou-o pregado
na cruz que há no céu e serve de modelo às outras.
Depois Ele fugiu para o Sol e desceu pelo primeiro
raio que apanhou.
Hoje Ele vive na minha aldeia, comigo. É uma criança
bonita, de riso natural.
Limpa o nariz com o braço direito, chapinha nas poças
d'água, colhe as flores, gosta delas, esquece.
Atira pedras aos burros, colhe as frutas nos pomares,
e foge a chorar e a gritar dos cães.
Só porque sabe que elas não gostam, e toda gente acha
graça, Ele corre atrás das raparigas que levam as
bilhas na cabeça e levanta-lhes a saia.
A mim, Ele me ensinou tudo. Ele me ensinou a olhar
para as coisas. Ele me aponta todas as cores que há
nas flores e me mostra como as pedras são engraçadas
quando a gente as tem na mão e olha devagar para
elas.
Damo-nos tão bem um com o outro na companhia de tudo
que nunca pensamos um no outro. Vivemos juntos os dois
com um acordo íntimo, como a mão direita e a esquerda.
Ao anoitecer nós brincamos as cinco pedrinhas no
degrau da porta de casa. Graves, como convém a um DEUS
e a um poeta. Como se cada pedra fosse todo o Universo
e fosse por isso um perigo muito grande deixá-la cair
no chão.
Depois eu lhe conto histórias das coisas só dos
homens. E Ele sorri, porque tudo é incrível. Ele ri
dos reis e dos que não são reis. E tem pena de ouvir
falar das guerras e dos comércios.
Depois Ele adormece e eu o levo no colo para dentro da
minha casa, deito-o na minha cama, despindo-o
lentamente, como seguindo um ritual todo humano e todo
materno até Ele estar nu.
Ele dorme dentro da minha alma. Às vezes Ele acorda de
noite, brinca com meus sonhos. Vira uns de pena pro ar,
põe uns por cima dos outros, e bate palmas, sozinho,
sorrindo para os meus sonhos.
Quando eu morrer, Filhinho, seja eu a criança, o mais
pequeno, pega-me Tu ao colo, leva-me para dentro a Tua
casa. Deita-me na tua cama. Despe o meu ser, cansado e
humano. Conta-me histórias caso eu acorde para eu
tornar a adormecer, e dá-me sonhos Teus para eu
brincar.

quarta-feira, fevereiro 6

EU QUERO UM COLO


tá tudo assim queimando em mim feito salva de fogos desde que sim, eu vim morar nos teus olhos...

" eu quero um colo, um berço ,um braço quente em torno ao meu pescoço ,uma voz que cante baixo que pareça me fazer querer chorar, eu quero um calor no inverno um extravio morto da minha consciência e depois sem som um sonho calmo como a lua rodando entre as estrelas"
Canção Da Manhã Feliz
( Haroldo Barbosa E Luiz Reis )
Luminosa manhã
Prá que tanta luz
Dá-me um pouco de céu
Mas não tanto azul
Dá-me um pouco de festa não esta
Que é demais pro meu anseio
Ele veio olhar, você sabe, ele veio
Despertou-me chorando
E até me beijou
Eu abri a janela
E este sol entrou
De repente em minha vida
Já tão fria e sem desejos
Estes festejos, esta emoção
Luminosa manhã
Tanto azul, tanta luz
É demais pro meu coração

terça-feira, fevereiro 5

AOS MEUS AMIGOS

Encontrei este texto de um autor não conhecido, e queria compartilhar com todos aqueles que estiveram comigo, presentes ou não, nestes dias difíceis. Dedico a voces meus queridos amigos.

Almas perfumadas

Tem gente que tem cheiro de passarinho quando canta,de sol quando acorda,de flor quando ri. Ao lado delas,a gente se sente no balanço de uma redeque dança gostoso numa tarde grande,sem relógio e sem agenda.
Ao lado delas,a gente se sente comendo pipoca na praça,lambuzando o queixo de sorvete,melando os dedos com algodão doce da cor mais doce que tem pra escolher.
O tempo é outro e a vida fica com a cara que ela tem de verdade,mas que a gente desaprende de ver.
Tem gente que tem cheiro de colo de Deus,de banho de mar quando a água é quente e o céu é azul.
Ao lado delas,a gente sabe que os anjos existem e que alguns são invisíveis.
Ao lado delas,a gente se sente chegando em casa e trocando o salto pelo chinelo,sonhando a maior tolice do mundo com o gozo de quem não liga pra isso.
Ao lado delas,pode ser abril, mas parece manhã de Natal do tempo em que a gente acordava e encontrava o presente do Papai Noel.
Tem gente que tem cheiro das estrelas que Deus acendeu no céu e daquelas que conseguimos acender na Terra.
Ao lado delas,a gente não acha que o amor é possível,a gente tem certeza.
Ao lado delas,a gente se sente visitando um lugar feito de alegria,recebendo um buquê de carinhos,abraçando um filhote de urso panda,tocando com os olhos os olhos da paz.
Ao lado delas,saboreamos a delícia do toque suave que sua presença sopra no nosso coração.
Tem gente que tem cheiro de cafuné sem pressa,do brinquedo que a gente não largava,do acalanto que o silêncio canta,de passeio no jardim.
Ao lado delas,a gente percebe que a sensualidade é um perfume que vem de dentroe que a atração que realmente nos move não passa só pelo corpo,corre em outras veia pulsa em outro lugar.
Ao lado delas,a gente lembra que no instante em que rimos Deus está conosco,juntinho ao nosso lado e a gente ri grande que nem menino arteiro.
Tem gente, COMO VOCÊ,que nem percebe como tem a alma perfumada!E que esse perfume é dom de Deus.
(Desconheço autoria)

segunda-feira, fevereiro 4

MEU POETA PREFERIDO

A Carta Que Não Foi Mandada
Vinicius de Moraes


Paris, outono de 73
Estou no nosso bar mais uma vez
E escrevo pra dizer
Que é a mesma taça e a mesma luzBrilhando no champanhe em vários tons azuis
No espelho em frente eu sou mais um freguês
Um homem que já foi feliz, talvez
E vejo que em seu rosto correm lágrimas de dorSaudades, certamente, de algum grande amor
Mas ao vê-lo assim tão triste e só
Sou eu que estou chorando
Lágrimas iguais
É, a vida é assim, o tempo passa
E fica relembrando
Canções do amor demais
Sim, será mais um, mais um qualquer
Que vem de vez em quando
E olha para trás
É, existe sempre uma mulher
Pra se ficar pensando
Nem sei, nem lembro mais

domingo, fevereiro 3


Sonho De Um Carnaval ( Chico Buarque )

Carnaval, desengano
Deixei a dor em casa me esperando
E brinquei e gritei e fui vestido de rei
Quarta feira sempre desce o pano
Carnaval, desengano
Essa morena me deixou sonhando
Mão na mão, pé no chão
E hoje nem lembra não
Quarta feira sempre desce o pano
Era uma canção, um só cordão
E uma vontade
De tomar a mão
De cada irmão pela cidade
No carnaval, esperança
Que gente longe viva na lembrança
Que gente triste possa entrar na dança
Que gente grande saiba ser criança