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sábado, fevereiro 19




Escrever na areia é coisa de quem armazena o pensamento em grãos, ela sabia. Em imprecisas horas, a saliva de Deus faz espuma. Ela, solfeja. Na beira, um pensamento desvairado é quase mar. Deus livra. Folheia dois tempos. Rasga dois passos. E ela orvalha. Pela manhã, Deus come areia e alucina. Ela sorri. Puxa o livro, mergulha e lê: escreves.


*

Cecília Braga



''Às vezes, sobretudo agora, verão e lua quase cheia,

me surpreendo melancólico pelas noites

a suspirar na sacada espanhola, com vontade de chorar.

Choro quando consigo.

Ou ouço Caetano cantando Contigo en la distancia,

e choro mais...

Não tenho pena de mim,

mas por vezes sinto falta de amor.

Fico sempre muito só.''

**Caio Fernando de Abreu**


Gosto muito de você gosto muito de você gosto muito de você sem pausas.

Aos caminhos, entrego o nosso encontro

e se tiver que ser, como tem que ser,

do jeito que tiver que ser, a gente volta um dia.

Da maior importância, meu bem.

That’s it! Esteja bem.

Queira estar bem.

Como se fosse verdade, um beijo.”

Caio Fernando de Abreu

sexta-feira, fevereiro 18



"(...) ponha a saia mais leve, aquela de chita e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesmo e descubra o próprio jardim. Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela. Ponha intenções de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada. Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteria."


(Arthur da Távola)