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sexta-feira, janeiro 8


Sou tão carente que me abraço quando choro, mecho em meu cabelo quando durmo, quando me olho no espelho tenho dó, tão só, não me quero mais.
      É, traia pra ficar distante de mim, e a todo instante me sentir constante na vida de alguém, de alguns, e acabar tendo de ficar comigo.
      E a única vez que não trai, me perdi de todos os caminhos que conhecia, baguncei minha vida e enlouqueci. nessa loucura me achei,aprendi a ser leal acima de tudo,comigo.
     Minha mente inventou uma doença pra me sentir acolhida, só arrumei medos por que acreditei na minha
mentira; agora tenho que lutar sozinha contra isso.
     Sou tão atriz que vivo sorrindo, mas a cada riso uma lagrima cai e a sinto cair transparente com cristais de vidro furando minha pele… tenho medo todo dia da morte,mas não sei ao certo se é a morte que me cerca; uma carência tão forte, tão amarga. Eu só sei que não posso mais mentir,porque agora sou,e aceito a mim. por isso digo,sou carente sim.
     Coleciono amigos e com cada um tenho uma história diferente… e não junto todos por que sou tão carente que quero-os pra mim,só pra mim, chego a enlouquecer tentando dividir meu tempo com eles,… as vezes sumo pra provocar saudade…sou triste…sou feliz…mas mais que tudo sou minha, e esse ser pensante dentro de mim cria tantas paranóias sem respostas. E só me resta amar, agora q me achei vou criando heterônimos pra me completar ou somente pra não doer tanto;devo ser mesmo só mais uma insaciável mortal que é tão egocêntrica que idealiza um mundo perfeito, e luta por ele. Onde está o certo?O avesso que odeio está dentro d mim tbm, mas não quero. por que não continuar a ser criança?Já q só eles entendem o verdadeiro sentido puro disso tudo.
…ainda triste,mas ela dança e dança ,mora numa fantástica fabrica de risos, mas só quero olhar, me deixa entrar, me deixa estar, não haverá bis…
                  
      Outro cigarro, ah… essa porcaria q acalma;então tomo um café q aprendi a gostar,afinal,minha cabeça não dói mais.
Ao som de Sylvia Telles - A felicidade

..foi quando eu senti, mais uma vez, que amar não tem remédio.
Caio Fernando Abreu


 Não, não ofereço perigo algum: sou quieta como folha de outono esquecida entre as páginas de um livro, sou definida e clara como o jarro com a bacia de ágata no canto do quarto - se tomada com cuidado, verto água límpida sobre as mãos para que se possa refrescar o rosto mas, se tocada por dedos bruscos num segundo me estilhaço em cacos, me esfarelo em poeira dourada.
Caio Fernando Abreu

Tenho um amor fresco e com gosto de chuva e raios e urgências. Tenho um amor que me veio pronto, assim, água que caiu de repente, nuvem que não passa .me escorrem desejos pelo rosto pelo corpo. Um amor susto. um amor raio trovão fazendo barulho. me bagunça. e chove em mim todos os dias.
Caio Fernando Abreu

Tenho me confundido na tentativa de te decifrar, todos os dias. Mas confuso, perdido, sozinho, minha única certeza é que de cada vez aumenta ainda mais minha necessidade de ti. Torna-se desesperada, urgente. Eu já não sei o que faço. Não sinto nenhuma outra alegria além de ti.
Como pude cair assim nesse fundo poço? Quando foi que me desequilibrei? Não quero me afogar: Quero beber tua água. Não te negues, minha sede é clara."
Caio Fernando Abreu


"Na minha memória - tão congestionada - e no meu coração - tão cheio de marcas e poços - você ocupa um dos lugares mais bonitos".
Caio Fernando Abreu


"E eu me pergunto se viver não será essa espécie de ciranda de sentimentos que se sucedem e se sucedem e deixam sempre sede no fim."
Caio Fernando Abreu

“Não sei, até hoje não sei se o príncipe era um deles. Eu não podia saber, ele não falava. E, depois, ele não veio mais. eu dava um cavalo branco para ele, uma espada, dava um castelo e bruxas para ele matar, dava todas essas coisas e mais as que ele pedisse, fazia com a areia, com o sal, com as folhas dos coqueiros, com as cascas dos cocos, até com a minha carne eu construía um cavalo branco para aquele príncipe. mas ele não queria, acho que ele não queria, e eu não tive tempo de dizer que quando a gente precisa que alguém fique a gente constrói qualquer coisa, até um castelo.”
Caio Fernando Abreu


"Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está aí, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada 'impulso vital'. Pois esse impulso ás vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te surpreenderás pensando algo assim como 'estou contente outra vez'"
Caio Fernando Abreu


Meus dias são lindos, mesmo quietinhos


No fim destes dias encontrar você que me sorri, que me abre os braços, que me abençoa e passa a mão na minha cara marcada, na minha cabeça confusa, que me olha no olho e me permite mergulhar no fundo quente da curva do teu ombro. Mergulho no cheiro que não defino, você me embala dentro dos seus braços e você me beija e você me aperta e você me aquieta repetindo que está tudo bem, tudo, tudo bem.
Caio Fernando Abreu



[...] sabe que o meu gostar por você chegou a ser amor, pois se eu me comovia vendo você, pois se eu acordava no meio da noite só pra ver você dormindo, meu Deus...como você me doía! De vez em quando eu vou ficar esperando você numa tarde cinzenta de inverno, bem no meio duma praça, então os meus braços não vão ser suficientes para abraçar você e a minha voz vai querer dizer tanta, mas tanta coisa que eu vou ficar calada um tempo enorme...só olhando você, sem dizer nada só olhando e pensando: Meu Deus, mas como você me dói de vez em quando!
Caio Fernando Abreu


"De todos aqueles dias seguintes, só guardei três gostos na boca - de vodca, de lágrima e de café. O de vodca, sem água nem limão ou suco de laranja, vodca pura, transparente, meio viscosa, durante as noites em que chegava em casa e, sem Ana, sentava no sofá para beber no último copo de cristal que sobrara de uma briga. O gosto de lágrimas chegava nas madrugadas, quando conseguia me arrastar da sala para o quarto e me jogava na cama grande, sem Ana, cujos lençóis não troquei durante muito tempo porque ainda guardavam o cheiro dela, e então me batia e gemia arranhando as paredes com as unhas, abraçava os travesseiros como se fossem o corpo dela, e chorava e chorava e chorava até dormir sonos de pedra sem sonhos."
Caio Fernando de Abreu

quinta-feira, janeiro 7

"Meu coração tá ferido de amar errado."
"Venha quando quiser, ligue, chame, escreva - tem espaço na casa e no coração, só não se perca de mim"
"Penso, com mágoa, que o relacionamento da gente sempre foi um tanto unilateral, sei lá, não quero ser injusto nem nada - apenas me ferem muito esses teus silêncios."
Caio Fernando Abreu
Te desejo uma fé enorme, em qualquer coisa, não importa o quê, como aquela fé que a gente teve um dia, me deseja também uma coisa bem bonita, uma coisa qualquer maravilhosa, que me faça acreditar em tudo de novo, que nos faça acreditar em tudo outra vez.
Caio Fernando Abreu
Menos pela cicatriz deixada, uma ferida antiga mede-se mais exatamente pela dor que provocou, e para sempre perdeu-se no momento em que cessou de doer, embora lateje louca nos dias de chuva.
"Podia esperar de qualquer um essa fuga, esse fechamento. Mas não de você, se sempre foram de ternura nossos encontros e mesmo nossos desencontros não pesavam, e se lúcidos nos reconhecíamos precários, carentes, incompletos. Meras tentativas, nós. Mas doces. Por que então assim tão de repente e duro, por que?"
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- Diálogo -
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Inventário do Ir-remediável
"Não é saudade, porque para mim a vida é dinâmica e nunca lamento o que se perdeu - mas é sem dúvida uma sensação muito clara de que a vida escorre talvez rápida demais e, a cada momento, tudo se perde"
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segunda-feira, janeiro 4

Como se eu pedisse uma simples Esmola,

E na minha mão maravilhada

Um Estrangeiro depusesse um reino,

E eu ficasse de boca aberta -



Como se perguntasse ao Oriente

Se tem uma Manhã para me dar -

E ele abrindo os seus Diques de púrpura,

Me despedaçasse com a Madrugada!

Emily Dickinson

Poemas e Cartas

É ciência subir os Himalaias


e criar matemática sem fim

mas é cultura vê-la poesia

e ter os Himalaias dentro de mim.


Agostinho da Silva

Manhã


A nossa noite ontem à tarde

foi a manhã por que esperávamos.


David Mourão-Ferreira

Chove...

Mas isso que importa!,

se estou aqui abrigado nesta porta

a ouvir a chuva que cai do céu

uma melodia de silêncio

que ninguém mais ouve

senão eu?


Chove...


Mas é do destino

de quem ama

ouvir um violino

até na lama.


José Gomes Ferreira