Pesquisar este blog

sábado, maio 21





Nunca esqueci a experiência de quando alguém botou a mão no meu ombro de criança e disse:
- Fica quietinha, um momento só, escuta a chuva chegando.
E ela chegou: intensa e lenta, tornando tudo singularmente novo. A quietude pode ser como essa chuva: nela a gente se refaz para voltar mais inteiro ao convívio, às tantas frases, às tarefas, aos amores. Então, por favor, me dêem isso: um pouco de silêncio bom para que eu escute o vento nas folhas, a chuva nas lajes, e tudo o que fala muito além das palavras de todos os textos e da música de todos os sentimentos. Silêncio faz pensar, remexe águas paradas, trazendo à tona sabe Deus que desconserto nosso. Com medo de ver quem - ou o que - somos, adia-se o defrontamento com nossa alma sem máscaras."

(Lya Luft)

sexta-feira, maio 20






O que pode um corpo...

Somos presos, prisioneiros
da cela do próprio coração,
coração vazio, nublado, nele,
o  negro manto da desilusão...

Onde anda as estrelas que bailavam nos nossos olhares?...

Caóimos num abismo:
escravos da nossa própria solidão -
niilistas, fatalistas e vida alheia
às flores da poesia
aos voos dos sonhos
aos eêxtases da paixão...

Estamos num buraco, um oco, num caminho sem  amanhã!...

A vida chora e clama, espera
que reinventemos a utopia
que renasçamos para o amor
numa eterna primavera e
num rebelde emergir de
brilho e florescências,
poesias do devir...  n'a ternura no existir...

Jorge Bichuetti

quinta-feira, maio 19

Deus é alegria. Uma criança é alegria. Deus e uma criança têm isso em comum: ambos sabem que o universDeus é alegria. Uma criança é alegria. Deus e uma criança têm isso em comum: ambos sabem que o universo é uma caixa de brinquedos. Deus vê o mundo com os olhos de uma criança.Está sempre à procura de companheiros para brincar.

Rubem Alves


















 

Então eu quero que você venha para deitar comigo no meu quarto novo, para ver minha paisagem além da janela, que agora é outra, quero inaugurar meu novo estar-dentro-de-mim ao teu lado… Vem para que eu possa acender velas na beirada da janela, abrir armários, mostrar fotografias, contar dos meus muitos ou poucos passados, futuros possíveis ou presentes impossíveis… Vem para que eu possa recuperar sorrisos, gritar, cantar, fazer qualquer coisa, desde que você venha, para que meu coração não permaneça esse poço frio sem lua refletida. Porque nada mais sou, além de chamar você agora… Porque não, porque sim, vem e me leva outra vez para aquele país distante onde as coisas eram tão reais e um pouco assustadoras dentro da sua ameaça constante, mas onde existe um verde imaginado, encantado, perdido. Vem, então, e me leva de volta para o lado de lá do oceano de onde viemos os dois”.

Caio Fernando de Abreu


 "Se todos conhecessem a intimidade sexual uns dos outros, ninguém cumprimentaria ninguém."

"Convém não facilitar com os bons, convém não provocar os puros. Há no ser humano, e ainda nos melhores, uma série de ferocidades adormecidas. O importante é não acordá-las."

"Só o rosto é indecente. Do pescoço para baixo, podia-se andar nu."

“Não damos importância ao beijo na boca. E, no entanto, o verdadeiro defloramento é o primeiro beijo na boca.”

“Só acredito em amor que chora.”

Nelson Rodrigues

 
"E hoje não. Que não me doa hoje o existir dos outros, que não me doa hoje pensar nessa coisa puída de todos os dias, que não me comovam os olhos alheios e a infinita pobreza dos gestos com que cada um tenta salvar o outro deste barco furado. Que eu mergulhe no roxo deste vazio de amor de hoje e sempre e suporte o sol das cinco horas posteriores, e posteriores, e posteriores ainda."

Caio Fernando Abreu


 Na ilha por vezes habitada do que somos, há noites,
manhãs e madrugadas em que não precisamos de
morrer.

Então sabemos tudo do que foi e será.
O mundo aparece explicado definitivamente e entra
em nós uma grande serenidade, e dizem-se as
palavras que a significam.
Levantamos um punhado de terra e apertamo-la nas
mãos.
Com doçura.
Aí se contém toda a verdade suportável: o contorno, a
vontade e os limites.
Podemos então dizer que somos livres, com a paz e o
sorriso de quem se reconhece e viajou à roda do
mundo infatigável, porque mordeu a alma até aos
ossos dela.
Libertemos devagar a terra onde acontecem milagres
como a água, a pedra e a raiz.
Cada um de nós é por enquanto a vida.
Isso nos baste.

José Saramago

Eu penso que poderia retornar e viver com animais, tão plácidos e autocontidos; eu paro e me ponho a observá-los longamente. Eles não se exaurem e gemem sobre a sua condição; eles não se deitam despertos no escuro e choram pelos seus pecados; eles não me deixam nauseado discutindo o seu dever perante Deus. Nenhum deles é insatisfeito, nenhum enlouquecido pela mania de possuir coisas; nenhum se ajoelha para o outro, nem para os que viveram há milhares de anos; nenhum deles é respeitável ou infeliz em todo o mundo.


Walt Whitman,
Os braços foram-me tirados, cantava.

Fui punida por abraçar. Abracei.

Prendi nos momentos mais belos da minha vida.

Fechei nas mãos a plenitude de cada hora.

Os braços apertados no desejo de abraçar.

Quis abraçar a luz, o vento, o sol, a noite,

o mundo inteiro e quis retê-los.

Quis acariciar, curar, embalar, envolver, cercar.

Forcei-os e prendi de tal modo que se partiram;

partiram de mim"

Anais Nin

 





Do mesmo modo que te abriste à alegria
abre-te agora ao sofrimento
que é fruto dela e seu avesso ardente.
Do mesmo modo que da alegria foste
ao fundo
e te perdeste nela
e te achaste
nessa perda
deixa que a dor se exerça agora
sem mentiras nem desculpas
e em tua carne vaporize
toda ilusão
que a vida só consome
o que a alimenta.
Ferreira Gullar

 Ó Deus, não me castigue se falo
minha vida foi tão bonita!
Somos humanos,
nossos verbos têm tempos,

não são como o Vosso, eterno.

Adélia Prado



Gosto de guardar envelopes com selos coloridos cantantes trazendo vozes e livros alados chegados de lugares distantes contendo suspiros, polens, palavras ecos de almas de poetas singrantes...

Gosto de guarda-roupas antigos porta-chapéus e baús violetas casacos e cachecóis, cabideiros cômodas, criados-mudos, gavetas cheias de papéis, chaves e cheiros cartas e asas azuis, borboletas...

Gosto de guarda-chuvas flutuantes pensamentos fluidos, frágeis, viajantes flanando por ruas molhadas nuas flores olhares líquidos, sonhos, pedras, dores pétalas perdidas caídas nas calçadas
poças,passos, prazeres, pingos e cores...

Ana Luisa Kaminski



 Quer saber o que eu penso? Você aguentaria conhecer minha verdade? Pois tome. Prove. Sinta. Eu tenho preguiça de quem não comete erros. Tenho profundo sono de quem prefere o morno. Eu gosto do risco. Dos que arriscam. Tenho admiração nata por quem segue o coração. Eu acredito nas pessoas livres. Liberdade de ser. Coragem boa de se mostrar. Dar a cara a tapa! Ser louca, estranha, chata! Eu sou assim. Tenho um milhão de defeitos. Sou volúvel. Sou viciada em gente. Adoro ficar sozinha. Mas eu vivo para sentir. Por isso, eu te peço. Me provoque. Me beije a boca. Me desafie. Me tire do sério. Me tire do tédio. Vire meu mundo do avesso! Mas, pelo amor de Deus, me faça sentir... Um beliscãozinho que for, me dê. Eu quero rir até a barriga doer. Chorar e ficar com cara de sapo. Este é o meu alimento: palavras para uma alma com fome.

- [Clarice Lispector]

quarta-feira, maio 18



 Gosto de pessoas doces, gosto de situações claras.

E por tudo isto ando cada vez mais só...

Caio Fernando de Abreu


UNIVERSIDADE POPULAR: OS NOVOS PASSOS DA CAMINHADA...

                                                        Jorge Bichuetti

Universidade Popular Juvenal Arduini - Upop-JA -  educação em movimento na caminhada pela libertação. Arte-alegria-criticidade-diálogo-escuta-experimentação-inovação... Sonho e poesia...
Aqui, hoje postaremos ooos Espaços Coletivos de Produção com um pequeno resumo do conteúdo e já iniciaremos as matrículas, explicando que todas as atividades geram certificados e irão, igualmente compor com formações mais aprofundadas para os que desejarem ir tecendo uim conhecimento maior...

ESPAÇOS COLETIVOS DE PRODUÇÃO:

1.. MARXISMO. Agenciador: Renato Muniz
Carga Horária: 20 horas Duração: um semestre
( 6 hs presenciais; 8 hs de estudo dirigido e 6 de trabalho na comunidade.)
Conteúdo:
* O marxismo: contexto histórico (das origens à Comuna de Paris)
* Marx e Engels: vida e obra
* A produção historiográfica e o marxismo
* Marxismo e natureza
* Marxismo ontem e hoje: no Brasil e no mundo

2. DESINSTITUCIONALIZAÇÃO E PRÁTICAS SOCIAIS Agenciador: Jorge Bichuetti
Carga Horária: 20 horas Duração: um semestre
( 6 hs presenciais; 8 hs de estudo dirigido e 6 de trabalho na comunidade.)
Conteúdo:
* As instituições totais e a sociedade disciplinar ( a lógica do modelo asilar)
* Processos de desinstitucionalização e práticas sociais inovadoras-instituintes
* Práticas Sociais, inclusão e cidadania na Sociedade Mundial de controle. Novas práticas sociais

3. CUIDADO E CLÍNICA DA VIDA: A CAIXA DE FERRAMENTAS Agenciadores: Celso P Macedo e Odila Braga
Carga Horária: 20 horas Duração: um semestre
( 6 hs presenciais; 8 hs de estudo dirigido e 6 de trabalho na comunidade.)
Conteúdo:
*  A clínica e o cuidado: da exclusão ao novo cuidado-acolhimento
* Caixa de ferramentas e uma clínica inventiva e humanizante
* Novos cuidados e o exercício no cotidiano de práticas inventivas de acolhimento e emancipação

4. AMBIÊNCIA: ECOLOGIA E VIDA Agenciador: Sumaia Debroi
Carga Horária: 20 horas Duração: um semestre
( 6 hs presenciais; 8 hs de estudo dirigido e 6 de trabalho na comunidade.)
Conteúdo:
* O cuidar de si e do meio ambiente.
* Sustentabilidade e novas subjetividades
* Ecologia - As três ecologias: ambiental, social e mental...

Todos estes espaços coletivos de produção serão ministrados/ vivenciados nos segundos sábados de cada mês, com início em junho... Horário: 13:30
                                             ***
Das 14:30 às 15:30 ocorrerão oficinas: a. Arte; b. Como trabalhar com o povo; c..Comunicação e jornalismo e d. Ética e vida.
( Estes trabalhos também serão certificados e comporão os currículos..."
                                             ***
GRUPO DE ESTUDO DA OBRA DE JUVENAL ARDUINI
Horário: das 19:00 às 21:00 hs Nas terças-feiras da semana que se dá o encontro mensal...
                                             ***
------------------------------------------------------------------------------------------------------------
                                FICHA DE INSCRIÇÃO
                  UNIVERSIDADE POPULAR JUVENAL ARDUINI

Nome:                                                                      Data de nascimento:
Área de trabalho/estudo/interesse:
Email:                                                                       Telefone:
Endereço:
Documento de Identidade:
Espaço Coletivo de Produção:
Oficina:
Grupo de Estudo sobre Juvenal Arduini:
------------------------------------------------------------------------------------------------------------
O caminho é a travessia onde a vida acontece... O sonho é uma ponte que nos dá no hoje o porvir e o devir...

"Faz frio hoje. O inverno está chegando. Estranho, o inverno sempre me deixa um pouco mais profundo. Me volto para dentro de mim mesmo, tenho a impressão exata de que me pareço com um dos plátanos da praça aí de baixo: hirto, seco, mas guardando alguma coisa por dentro. Quem sabe se essa tristeza que tenho, tão parecida com esse frio envergonhado de não ser frio — quem sabe, se não é apenas o derrubar das folhas?"

(Caio Fernando Abreu)

segunda-feira, maio 16


 
Hoje de manhã eu acordei e fiquei olhando para tudo catatônica, um misto de susto com deslumbramento. Me dei conta de que essa é a pior e a melhor fase da minha vida. Eu nunca andei tão triste e nem tão feliz. Foi difícil enterrar tantos mortos e tantas rotinas, mas está sendo muito fácil viver dentro de mim."

(Tati Bernardi)