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sábado, agosto 9

ÁS VEZES...


“Às vezes passa uma pessoa na nossa vida que nunca mais deixa de passar,

que nos interrompe e condena e encanta,

sem saber o mal e o bem que nos faz,

e que nos fica na alma como aquelas pessoas

que passam no momento em que se tira uma fotografia
e passam a ser a pessoa que se fotografou .”

(Desconheço Autor)

DIA COMUM


"Dia comum, deixa-me estar ciente do tesouro que tu és.

Deixa-me aprender contigo

,amar-te, bendizer-te,antes de te ires embora.

Não deixes que eu te ignore em busca de um amanhã raro e perfeito.

Deixa-me agarrar-te enquanto posso,porque não serás eterno.

Um dia, cavarei a terra com os meus dedos,ou enterrarei o meu rosto no travesseiro,

ou retesarei o meu corpo,ou elevarei as minhas mãos para o céu e,mais do que tudo no mundo,

desejarei que tu voltes."

Mary Jean Irion

NA ILHA POR VEZES HABITADA


Na ilha por vezes habitada do que somos, há noites,manhãs e madrugadas em que não


precisamos de morrer.Então sabemos tudo do que foi e será. O mundo aparece explicado


definitivamente e entra em nós uma grande serenidade, e dizem-se as palavras que a significam.


Levantamos um punhado de terra e apertamo-la nas mãos. Com doçura. Aí se contém toda a


verdade suportável: o contorno, avontade e os limites. Podemos então dizer que somos livres,


com a paz e o sorriso de quem se reconhece e viajou à roda do mundo infatigável, porque mordeu


a alma até aos ossos dela. Libertemos devagar a terra onde acontecem milagres como a água, a


pedra e a raiz.Cada um de nós é por enquanto a vida. Isso nos baste.

POEMA III



“A minha Casa é guardiã do meu corpo



E protetora de todas minhas ardências.



E transmuta em palavra



Paixão e veemência



E minha boca se faz fonte de prata



Ainda que eu grite à Casa que só existo



Para sorver a água da tua boca



A minha Casa, Dionísio, te lamenta



E manda que eu te pergunte assim de frente:



À uma mulher que canta ensolarada



E que é sonora, múltipla, argonauta



Por que recusas amor e permanência?”



Intérprete : Maria Bethânia

SEM RETORNO?


Talvez tenha chegado a um ponto sem retorno


Onde já nada do que eu faça


Possa alterar em alguma coisa o rumo escolhido


Busco respostas para perguntas que não entendo


Caminho algo alheia ao que se passa à minha volta


Apenas um pensamento me acompanha sempre


Apenas uma certeza a cada acordar…

POÉTICA


POÉTICA (I)

De manhã escureço

De dia tardo

De tarde anoiteço

De noite ardo.

A oeste a morte

Contra quem vivo

Do sul cativo

O este é meu norte.

Outros que contem

Passo por passo:Eu morro ontem

Nasço amanhã

Ando onde há espaço:

— Meu tempo é quando.


(Vinícius de Moraes)

O MAIS QUE PERFEITO


Ah, quem me dera ir-me

Contigo agora

Para um horizonte firme

(comum embora...)

Ah, quem me dera ir-me!!

Ah, quem me dera amar-te

Sem mais ciúmes

De alguém em algum lugar

Que não presumes...

Ah, quem me dera amar-te
Ah, quem me dera ver-te

Sempre a meu lado

Sem precisar dizer-te

Jamais : cuidado...

Ah, quem me dera ver-te

Ah, quem me dera ter-te

Como um lugar

Plantado num chão verde

Para eu morar-te

morar-te

até morrer-te...

(Vinicius de Morais)