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sexta-feira, fevereiro 5

Entender é trancar-se dentro da palavra


Quem não sabe, quem não sabe, quem não quer saber de nada gruda a língua no céu da boca, não escuta e finge que não vê.

Entender é um outro nível da ignorância. Bastaria um toque se fôssemos livres.

Não é preciso nenhum livro para quem pode não ler.

Se quisermos, amiga, não entendemos nada...

Tem quem prefira os beijos as palavras

Tem quem não viva sem um off dizendo não, o tempo todo

Tem gente de tudo o que é tipo.

Só não podemos viver sem o sentido, sem a realidade, o objeto, o eu e o você.

Somos infelizes. Jamais sobreviveríamos à liberdade de leves e inconseqüentes ações.

Vamos, vamos logo subir essa escada que leva o amor ao último andar.

Estamos descalços e o mármore gela os nossos pés. Sobe pelo corpo o tremor do castelo que desmorona

Então vamos, segura firme no corrimão. Respire fundo. Subir tão alto dá vertigem e olhar para trás deixaria-nos cegos.

Os erros são medusas intransigentes, arrancam as nossas lembranças boas e tatuam os desaforos e mágoas.

Por isso, Marche! Ainda estou contigo. Para ir até o fim da paixão deve-se estar acompanhado. Sinta o meu perfume enquanto o vento do tempo sopra esse bafo de mudança. Se quiser, dou-lhe o braço. Entraremos no salão da grande dança. A quadrilha dos desafortunados só começa quando o poeta recita a dor de um adeus. Pronto. Mais alguns passos e podemos nos soltar no espaço. Livres. Serenos. E trsites. Vamos logo. Não há mesmo como evitar a covardia. Não há coragem para se ir até o fundo.

É isso, meu amor, agora só mais um degrau e você estará – de novo – em paz com o seu coração vazio. Por isso, vamos!

O nada não inspira, não treme os sexos, não dá calafrios, nem ciúmes; Não cria o ódio, nem teme o abandono. Ali você poderá descansar sem culpa, remorsos, sonhos estúpidos.

Amar proibido é muito. Causa tanto estrago...

E por isso, por tudo isso, vamos!

No final devo pedir perdão por tê-lo tocado.

Agora pode largar a minha mão. Pode partir.

Lembre-se ou esqueça-se de mim.

Coração quebrado tem cura: a paz de não precisar mais aguardar a perfeição que não existe.

Não estou mais agüentando.

A ansiedade –não mais aquela por bombons – poderá me estourar a veias. É o pior momento, esse, meio excitado, meio cansado, quando eu espero que campainhas toquem. Anunciando mudanças... e elas tocam, mas é somente um rapaz que me diz sobre uma encomenda ou um engano ou uma ligação familiar. Nada de mudanças. As mudanças, minha cara, só nas cores do cabelo, nas roupas e nos dias de regra mensal.

Não! Não queiram que eu acredite que tudo o que vivo será eterno, igualmente bom, para o resto dos meus dias. Não posso viver com o igual, não posso sobreviver ao certo, não quero morrer com certezas.

Então vá se foder! E estrague logo esse lindo!

Receio da confusão o estresse, do medo à apatia das impulsivas atitudes, mágoas. Escuto música as alturas, quero somente amortecer os erros. E mudar de idéia. Quem sabe o porque do quê?

O que você está falando, mulher? – Nada, nada... é só a vida enchendo o saco com surpresas. Queria ser do século XVII, arfar o peito e ajoelhar num confessionário de madeira de lei... e eu não entendo porra nenhuma de madeira, entendo de culpas. Mas é negra a solidão de quem escreve...

Na casa dos meus avós tinha móveis negros, não tenho mais ninguém para mexer gavetas e tomar coca cola pequena no gargalo.


Fernanda Young