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sábado, março 5
quinta-feira, março 3
Dedico este texto ao meu amigo Jorge,
"Há pessoas que nos fazem voar. A gente se encontra com elas e leva um bruta susto. Primeiro, porque o vento começa a soprar dentro da gente, e lá, de cantos escondidos de nossas montanhas e florestas internas, aves selvagens começam a bater asas, e a gente não sabia que tais entidades mágicas moravam dentro de nós, e elas nos surpreendem, e nós nos descobrimos mais selvagens, mais bonitos, mais leves, com uma vontade incrível de subir até as alturas, saltando, saltando de penhascos, pendurados numa asa-delta sem medo de cair."
(Rubem Alves)
"Sinto o vento trazendo bons fluídos, boas novas. Por hora, passou o tempo das tempestades internas, das procuras incessantes, da busca constante para ser aceita. Estou mais perto de mim e sinto que dessa vez com mais calma. O olhar pra dentro faz milagres permanentes, ando respirando preces diárias."
(Denise Portes)
terça-feira, março 1
MULHER DA RUA...
Jorge Bichuetti
Na rua, segue sorrindo,
a mulher de vida triste;
que labuta na noite
o pão mingüado e vazio.
Ela, de lábios pintados,
salto alto, sensual,
oculta as dores vivdas
e o seu vazio existencial...
Todos a renegam.
Ninguém a vê com doçura;
uns a querem abelhas,
para o mel sugarem
e, depois, as deixarem
sem chão e sem colméia...
Outros, não a enxergam
e ela segue anônima
carregando as desvalias
dos homens que ardem,
mas não sabem na vida
existir e amar...
Vagar, voar, brilhar...
Bailar, cantar, amar...
Uma rede de balança,
um beijo ao luar...
Na, grama, um descanso;
na lua, um louco sonhar...
Somos borboletas e somos
a vida errante;
um experimento da alegria,
que se viu de nós afastada
pela fuligem das cinzas,
ali, depositadas,
pelo vulcão das nossa dores...
E neste perambular
nos tornamos, de novo,
borboletas entre flores...
Jorge Bichuetti (Blog: Utopia Ativa)
segunda-feira, fevereiro 28
Primeira Carta Para Além dos Muros
A única coisa que posso fazer é escrever - essa é a certeza que te envio, se conseguir passar esta carta para além dos muros. Escuta bem, vou repetir no teu ouvido, muitas vezes: a única coisa que posso fazer é escrever, a única coisa que posso fazer é escrever."
Caio Fernando Abreu
”Tem uma felicidade mansa por dentro, devagarinho. A casa bonita. Os dias bonitos. A roseira bonita. E pessoas novas (tem coisa melhor que gente?). Guardo o meu amor por dentro. É precioso. Precioso, delicado. (…) As coisas vão dar certo. Vai ter amor, vai ter fé, vai ter paz – se não tiver, a gente inventa.”
Caio Fernando Abreu
domingo, fevereiro 27
Coloquei minhas mágoas dentro de um saco, mas não as levei nas costas, por causa do peso delas. Deixei-as amontoadas num canto, até serem levadas pelo vento (que aprendi que vem com o tempo). Porque as coisas ruins devem ficar adormecidas num asilo próprio para emoções já cansadas. Passei dias e noites treinando as minhas saudades, para que elas não me desmoronassem na frente dos outros. Para que elas se equilibrassem no meio fio e não me fizessem voltar atrás para buscá-las. Do meu riso, fiz companheiro fiel, que me acompanha e me abre os caminhos. Fiz chá de estrelas e sossego pra me tirar da testa as rugas - aquelas da insatisfação. Depois provei da água da serenidade e virei criança de alma. Pus emplastro poderoso nas feridas, que com o tempo pararam de doer e só são lembradas nas missas de sétimo dia. Adocei os olhos com colírio de adeus, para que eles se preparassem e se acostumassem com o tapete vermelho do futuro que se estende a minha frente. E fui me despedindo de tudo aquilo que poderia ter sido e não foi.
Cris Carvalho
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