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sábado, setembro 11

Não entendo os silêncios

que tu fazes

nem aquilo que espreitas

só comigo

Se escondes a imagem

e a palavra

e adivinhas aquilo

que não digo

Se te calas

eu oiço e eu invento

Se tu foges

eu sei não te persigo

Estendo-te as mãos

dou-te a minha alma

e continuo a querer

ficar contigo.



{Maria Teresa Horta}






Horas, horas sem fim,

pesadas, fundas,

esperarei por ti

até que todas as coisas sejam mudas.



Até que uma pedra irrompa

e floresça.

Até que um pássaro me saia da garganta

e no silêncio desapareça.



{Eugénio de Andrade}

quinta-feira, setembro 9




"Como quando se tira um vestido velho do baú, um vestido que não é para usar, só para olhar. Só para ver como ele era. Depois a gente dobra de novo e guarda mas não se cogita em jogar fora ou dar. Acho que saudade é isso."


(Lygia Fagundes Telles)
Vontade de ficar sozinha

só pra saber

se você ia

ou vinha

quando deixou

esse bagaço

no meu peito..."



(Alice Ruiz)
Quando você prometeu que aquela estrela seria para sempre minha, esqueceu de me dizer o quanto seria difícil isso. Um amor em forma de estrela. Uma estrela em forma de amor. E dois seres distantes, anos luz distantes, tão próximos, que quase podiam se tocar. Você esqueceu de me dizer o quanto isso seria difícil. Não fosse essa estrela, que todo dia brilha na minha janela, eu já teria enlouquecido.
"Ouça com o coração quando quase lhe parecer silêncio: é o meu amor falando baixinho só pra não acordar o seu medo de amar."

(Ana Jácomo)

domingo, setembro 5

Falo de ti às pedras das estradas,

E ao sol que e louro como o teu olhar,

Falo ao rio, que desdobra a faiscar,

Vestidos de princesas e de fadas;

Falo às gaivotas de asas desdobradas,

Lembrando lenços brancos a acenar,

E aos mastros que apunhalam o luar

Na solidão das noites consteladas;



Digo os anseios, os sonhos, os desejos

Donde a tua alma, tonta de vitória,

Levanta ao céu a torre dos meus beijos!

E os meus gritos de amor, cruzando o espaço,

Sobre os brocados fúlgidos da glória,

São astros que me tombam do regaço!

Florbela Espanca - A mensageira das violetas







“A conversão do olhar:

de surpresa em surpresa,

essas minúsculas coisas

tão ausentes

tão remotas

tão gravadas

nas pupilas do vivido…“



{“António Forte Salvado”}





«Por tanto olhar o que jamais eu vi,

por tanto ver o que jamais olhei»


Eu te amo

de um amar antigo

- sabor de antigamente

no velho caderno das lembranças -.

.

Eu te amo assim,

de um amar antigo,

intocado,

abstrato,

indizível,

atemporal.

.

Assim.