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sábado, julho 17

"Eu comecei minha faxina. Tudo que não serve mais (sentimentos, momentos, pessoas) eu coloquei dentro de uma caixa. E joguei fora. (sem apego. Sem melancolia. Sem saudade). A ordem é desocupar lugares."

(Fernanda Mello)

De todos as cores, vermelho.

De todas as flores, gérbera.

Reza toda noite antes de dormir.

E nunca esquece de agradecer pelas bonitezas do dia.

Agradece também pelo que é feio, mas engrandece.

Acredita que o sofrimento enobrece, mas nem sempre, porque prefere o caminho mais fácil.

Põe o pé direito pra fora da cama primeiro (nem sempre).

Herdou algumas supertições, além do riso fácil e do olhar ágil.

Está sempre apressada e atrasada.

Fala mais com as mãos, que com a boca.

Pensa mais rápido que fala e quase não fala o que pensa.

Aprendeu a ser comedida.

Tropeçou muitas vezes no caminho.

Já se apaixonou pra sempre.

Já morreu de amor.

Não acredita mais em príncipe encantado, mas torce pra que lhe provem o contrário todo-santo-dia."



(Briza Mulatinho)



[tão liiindo]

Eu escrevo teu nome nessas pedras, que vou jogando por onde passo. No fundo, espero que você me siga, mas não tenho coragem de pedir. Aí, tem gente que vem, sem nem ser chamado, sem nem se importar com o fato do nome escrito ali, ser outro. As pessoas não ligam pr´essas pequenezas, sabe? Eu ligo. Ligo pra tudo. Sou mais de detalhes, que do todo. Sempre fui. O fato é que fico olhando pra trás pra ver se você tá vindo e já tropecei umas quantas vezes. Esses dias mais. Isso porque não sinto teu cheiro no ar, não ouço o teu riso passeando pelas horas. E sinto falta. E sinto um quase-medo. Embora, não tenha a menor idéia de quê. Sabe quando você pressente o monstro no escuro, mesmo sem poder vê-lo? É assim. Não sei se você entende, não sei se alguém entende e, realmente, não me importo. Não me importo mais com um monte de coisas. Dos benefícios do tempo. Hoje, parei e sentei bem aqui na beira desse rio que me atravessa. Só pra te pensar bem forte e te fazer sentir amor do lado de lá. Sim, porque você ainda não atravessou a ponte, bem sei. Mas, ando me sentindo fraca e cansada. Tenho andado demais, jogado pedras demais, esperado demais e você não me alcança. Talvez, seja melhor mergulhar e afogar os pensamentos. Espero que você consiga chegar a tempo e salvar os mais bonitos."



(Briza Mulatinho)

terça-feira, julho 13

Te guardei em uma caixa, daquelas bem bonitas. Você está num canto. Não, no esquerdo não. No direito. Cansei de te carregar do lado esquerdo. Quando não é recíproco, a carga pesa. Mas o canto direito também é bonito. Têm flores. Haviam margaridas, mas margaridas me lembram você, sabe-se lá o porque. Então plantei gérberas, que lembram exclusivamente a mim. São minhas favoritas. É, você nunca soube.

Você nunca soube muita coisa a meu respeito. E eu pensando que havíamos sido feitos um para o outro. E você não sabia de nada, não sabe de nada, tampouco das gérberas. Gér-be-ras. Gosto de pronunciar essa palavra. Plantei das laranjas, são as mais bonitas! O laranja une o mais bonito do vermelho e do amarelo...

O calor do sol, o verão, o dia. O dia em que se foi. Pelo jeito tudo lembra você, até o laranja, até as gérberas. Não guardo rancor, já disse. E se eu disse, tenha certeza que usei a sinceridade que levo no bolso, dentro da caixa, mas está em um canto distante do seu. Nem sempre o que colocamos na caixa queremos esquecer... Pode ser que a gente coloque para lembrar. Não quero esquecer. Entre o querer e o não querer é só questão do lugar em que cada um ocupa na caixa. Consegue ouvir daí? Sai som da caixa... E é bonito de escutar!
Acho uma delícia quando você esquece os olhos em cima dos meus."

Chico Buarque)


segunda-feira, julho 12

Foram-se os amores que tive

ou me tiveram. Partiram

num cortejo silencioso e iluminado.

A solidão me ensina

a não acreditar na morte

nem demais na vida: cultivo

segredos num jardim

onde estamos eu, os sonhos idos,

os velhos amores e os seus recados,

e os olhos deles que ainda brilham

como pedras de cor entre as raízes.


Lya Luft