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domingo, fevereiro 27


Coloquei minhas mágoas dentro de um saco, mas não as levei nas costas, por causa do peso delas. Deixei-as amontoadas num canto, até serem levadas pelo vento (que aprendi que vem com o tempo). Porque as coisas ruins devem ficar adormecidas num asilo próprio para emoções já cansadas. Passei dias e noites treinando as minhas saudades, para que elas não me desmoronassem na frente dos outros. Para que elas se equilibrassem no meio fio e não me fizessem voltar atrás para buscá-las. Do meu riso, fiz companheiro fiel, que me acompanha e me abre os caminhos. Fiz chá de estrelas e sossego pra me tirar da testa as rugas - aquelas da insatisfação. Depois provei da água da serenidade e virei criança de alma. Pus emplastro poderoso nas feridas, que com o tempo pararam de doer e só são lembradas nas missas de sétimo dia. Adocei os olhos com colírio de adeus, para que eles se preparassem e se acostumassem com o tapete vermelho do futuro que se estende a minha frente. E fui me despedindo de tudo aquilo que poderia ter sido e não foi.


Cris Carvalho

2 comentários:

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Clara, vamos para o futuro.... linda imagem. Deixamos atrás, que foi e que poderia ter sido, mas seguimos rumo ao que está por vir: o porvir...
Abraços, com ternura e carinho, Jorge

CLARA disse...

Dr Jorge obrigada pelas palavras de incentivo, você é um anjo que surgiu na minha vida para me ensinar os caminhos que ainda tento trilhar com um pouco de insegurança mas que com o tempo e aprendizado irão me fazer entender sobre as perdas necessarias.
Beijos fraternos