É pra você que eu peço: não desista.
Eu, mais do que peço. Eu imploro.
É pra você que eu imploro: não desista.
Porque, em desistindo, você impinge também em mim a desistência.
Quereria te dizer assim: bem baixinho, com a boca encostada em teus ouvidos: eu te amo.
Amo você, que eu conheço e amo.
Amo você, que eu nem sequer conheço e amo.
A descrença tornaria, de um todo, tudo tão mais simples.
Tudo tão mais fácil.
O fardo da existência seria, de um todo, tanto mais leve quanto em mim houvesse o dom da indiferença.
Mas quando eu nasci, involuntariamente, me foi dado isto: amar.
Não me pergunte nem como nem o por quê. Não saberei explicar.
Juro por Deus. Não sei nem a mim.
Na simplicidade máxima em que posso me ancorar, na muleta mais segura em que possa me
escorar, acredito que isso de amar não necessite de explicações.
Necessite, sim, de coragem.
E isto: coragem, eu não a possuo por inerecência.
Me foi dada. Ao contrário do medo, que me é inerente.
Também sou triste, angustiado, desesperançado - às vezes.
Mas por uma espécie balsâmica de um desígnio que involuntária e irremissivelmente me faz dar
braçadas nas águas da coragem (que eu repito, insisto, reafirmo: me é dada, sem a permissão da
recusa), tenho a danação de acreditar acreditar acreditar.
E também porque talvez você precise de algo mais substantivo, mais sustentável, e porque não
me sinto capaz de lhe dar com as minhas próprias palavras, reproduzo aqui um trecho de Clarice
Lispector - que eu também amo:
"Sempre me restará amar. Escrever é alguma coisa extremamente forte mas que pode me trair e me abandonar. Posso um dia sentir que já escrevi o que é meu lote neste mundo e que devo aprender também a parar. Em escrever eu não tenho nenhuma garantia. Ao passo que amar não acaba. Amar eu posso até a hora de morrer. É como se o mundo estivesse à minha espera. E eu vou ao encontro do que me espera ".
Não desista.
É pra mim que eu peço.
Uma prece.
Que eu aprenderei.
E a ti, rogarei. Digo: rezarei.
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