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sexta-feira, agosto 15

POR QUE A ÀGUA BATE É PRECISO NADAR DIGO: VIVER

Não desista - eu lhe peço.

É pra você que eu peço: não desista.

Eu, mais do que peço. Eu imploro.

É pra você que eu imploro: não desista.

Porque, em desistindo, você impinge também em mim a desistência.

Quereria te dizer assim: bem baixinho, com a boca encostada em teus ouvidos: eu te amo.

Amo você, que eu conheço e amo.

Amo você, que eu nem sequer conheço e amo.

A descrença tornaria, de um todo, tudo tão mais simples.

Tudo tão mais fácil.

O fardo da existência seria, de um todo, tanto mais leve quanto em mim houvesse o dom da indiferença.

Mas quando eu nasci, involuntariamente, me foi dado isto: amar.

Não me pergunte nem como nem o por quê. Não saberei explicar.

Juro por Deus. Não sei nem a mim.

Na simplicidade máxima em que posso me ancorar, na muleta mais segura em que possa me

escorar, acredito que isso de amar não necessite de explicações.

Necessite, sim, de coragem.

E isto: coragem, eu não a possuo por inerecência.

Me foi dada. Ao contrário do medo, que me é inerente.

Também sou triste, angustiado, desesperançado - às vezes.

Mas por uma espécie balsâmica de um desígnio que involuntária e irremissivelmente me faz dar

braçadas nas águas da coragem (que eu repito, insisto, reafirmo: me é dada, sem a permissão da

recusa), tenho a danação de acreditar acreditar acreditar.

E também porque talvez você precise de algo mais substantivo, mais sustentável, e porque não

me sinto capaz de lhe dar com as minhas próprias palavras, reproduzo aqui um trecho de Clarice

Lispector - que eu também amo:

"Sempre me restará amar. Escrever é alguma coisa extremamente forte mas que pode me trair e me abandonar. Posso um dia sentir que já escrevi o que é meu lote neste mundo e que devo aprender também a parar. Em escrever eu não tenho nenhuma garantia. Ao passo que amar não acaba. Amar eu posso até a hora de morrer. É como se o mundo estivesse à minha espera. E eu vou ao encontro do que me espera ".
Não desista.

É pra mim que eu peço.

Uma prece.

Que eu aprenderei.

E a ti, rogarei. Digo: rezarei.

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