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segunda-feira, novembro 24


É preciso que a saudade desenhe

tuas linhas perfeitas,

teu perfil exato e que,

apenas, levemente, o vento das horas ponha um frêmito em teus cabelos...

É preciso que a tua ausência trescale sutilmente, no ar,

a trevo machucado,as folhas de alecrim desde há muito guardadas não se sabe

por quem nalgum móvel antigo...

Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela e respirar-te, azul e luminosa, no ar.

É preciso a saudade para eu sentir como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida...

Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista que nunca te pareces com o teu retrato... E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te.

Mário Quintana

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