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sexta-feira, dezembro 25


Diz-me o teu nome - agora, que perdi

quase tudo, um nome pode ser o princípio

de alguma coisa. Escreve-o na minha mão


com os teus dedos - como as poeiras se

escrevem, irrequietas, nos caminhos e os

lobos mancham o lençol da neve com os

sinais da sua fome. Sopra-mo no ouvido,


como a levares as palavras de um livro para

dentro de outro - assim conquista o vento

o tímpano das grutas e entra o bafo do verão

na casa fria. E, antes de partires, pousa-o


nos meus lábios devagar: é um poema

açucarado que se derrete na boca e arde

como a primeira menta da infância.


Ninguém esquece um corpo que teve

nos braços um segundo - um nome sim.


- Maria do Rosário Pedreira -

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