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sexta-feira, dezembro 25


Nenhuma morte apagará os beijos


e por dentro das casas onde nos amámos ou pelas ruas clandestinas da grande cidade livre

estarão sempre vivos os sinais de um grande amor,

esses densos sinais do amor e da morte

com que se vive a vida.


Aí estarão de novo as nossas mãos.

E nenhuma dor será possível onde nos beijamos.

Eternamente apaixonados, meu amor. Eternamente livres.

Prolongaremos em todos os dedos os nossos gestos e,

profundamente, no peito dos amantes, a nossa alma líquida e atormentada

desvendará em cada minuto o seu segredo

para que este amor se prolongue e noutras bocas

ardam violentos de paixão os nossos beijos

e os corpos se abracem mais e se confundam

mutuamente violando-se, violentando a noite

para que outro dia, afinal, seja possível



Joaquim Pessoa

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