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terça-feira, outubro 5


"Aquele que o meu coração ama

ergueu-se do meu leito e nele esqueceu

as repetidas promessas de um regresso

em que aos meus olhos ensinaria

a única maneira de esconder

o prenúncio de invisíveis desertos



aquele que o meu coração ama

afogou em noites de leite e mel

o rasto dos oásis que

teciam a sede do desejo no meu peito

e bebeu neles as horas de um destino que

me acenava de muito longe



aquele que o meu coração ama

partiu às cegas sem descobrir

as húmidas palavras que se espalham

à sombra dos ciprestes

contando os minutos que faltam

para a vertigem do corpo onde o aguardo"



Alice Vieira

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