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sábado, abril 16



Paixão antiga é feito meia velha: até aquece os pés no frio mas já não empresta cor aos dias.


Além disso, só pode ser usada na mais plena solidão: ninguém deseja ostentar furos, bolinhas, fissuras e encardido pelas ruas.

E por que diabos não jogamos fora da memória paixões antigas que não deram em nada? Pelo mesmo motivo que guardamos as meias: apego.

Nos apegamos àquela meia fofa de flanela, cheia de coraçõezinhos, que compramos num mercado de pulgas de Paris ou que ganhamos de alguém especial num inverno colossal da mesma maneira que nos apegamos à idéia de sempre lembrar de determinada pessoa quando o mundo parece nevar ainda que se more nos trópicos e faça um calor de 40º para além da janela.

É chato não sentir nada. É chato não sentir nem saudade, a sensação de vazio aumenta.

Em geral, ama-se o dia em que a meia foi comprada ou ganhada, não a meia. Em geral, ama-se a historia de amor que se sonhou, o amor em si, e não a pessoa.

Mas nossas almas não são gavetas! Numa gaveta grande sempre cabe mais uma meia e outra e outra e outra.

Nossos corações até podem ser vagabundos e amar pessoas diferentes, amar muitas delas ao mesmo tempo e com a mesma intensidade, mas nossas almas só aceitam um convite por vez para dançar no baile do amor.

Quer dançar?

Então libere sua alma para a próxima festa, para o próximo vôo, para o próximo convite inesperado. Sacuda sua pele como um vestido e coloque-a ao sol. Paixão antiga tem cheiro de bolor em seda guardada e pensando bem, é bem mais inútil que uma meia velha flanelada.

By Mônica Montone

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