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segunda-feira, março 22

Alguém joga xadrez com minha vida, alguém me borda do avesso,

alguém maneja os cordéis.


Alguém me inventa e desinventa como quer: talvez seja esta a minha condição.

Alguém dirige o teatro de sombras no qual fui ré sentenciada.

Finjo entender de tudo: ando de um lado e outro, faço gestos com a mão,

cuspo as sementes do fruto entalado na garganta como um grito:

Alguém aí pode me ouvir?

Ninguém reage, ninguém tenta aplaudir:

nesse reino todos usam disfarces, menos a solidão.



-Lya Luft-

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